“A cegueira de gente que não vê gente é traumática, causa angústia.
A cegueira de gente que não vê gente dispara humilhação.
A humilhação pode ser determinada como cegueira pública,
pode ser determinada segundo a experiência de não aparecer
como gente estando no meio de gente.”
(COSTA, Fernando Braga.
(COSTA, Fernando Braga.
Homens Invisíveis: relatos de uma humilhação social.
São Paulo: Globo, 2004)
Quando assistimos, a uma peça de teatro, show, concerto, filme, espetáculo de dança, circense ou vamos a uma exposição, ou ainda a uma biblioteca, só lembramos, na maioria das vezes, das obras que assistimos, vimos ou lemos e dos artistas que as idealizaram. Mas quase nunca nos lembramos daqueles que por detrás das coxias dos teatros, sets de filmagem, salas de cinemas, galerias de exposição e bibliotecas são corresponsáveis pela realização da vida cultural das cidades. Trabalhadores como cenotécnicos, iluminadores, sonorizadores, arquivistas, bibliotecários, camareiras, maquiadores, projecionistas, bilheteiros, auxiliares de bibliotecas, administradores de espaços culturais e seus assistentes de serviços gerais.
Esses trabalhadores são muito pouco valorizados e reconhecidos quando se fala em cultura. Uma política cultural séria, em qualquer lugar do mundo, passa objetivamente pela valorização inestimável desses profissionais, tanto os que labutam nos espaços culturais públicos quanto privados. É preciso que se crie em Brasília uma escola para a formação e qualificação de profissionais que auxiliam as artes. É preciso que várias dessas profissões sejam reconhecidas e regulamentadas por lei. É preciso, mais do que urgente, que, para os espaços pertencentes à Secretaria de Cultura do DF, se realizem concursos públicos para preenchimento de vagas em aberto e para renovação de seus quadros. É preciso ainda que se formulem planos de cargos e salários decentes, reconhecendo a suma importância desses técnicos para o fazer artístico e cultural.
Os artistas, amantes das artes e público em geral, agradecem. Por mais lindo que seja uma obra de arte ela só se realiza porque o trabalho é social e cooperativo. E no mais das vezes, sobretudo no capitalismo, com divisão social injusta.
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