quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Pílula Ideológica XXV - Viver não admite neutralidade

“A omissão é o maior míssel”
(TT Catalão)


Tomo hoje a feliz análise do jovem JUNIOR PERIM para tentar explicar a posição de “neutralidade” ou “independência” da candidata à Presidência da Republica pelo Partido Verde, Marina Silva, que obteve quase 20 milhões de votos no 1º turno, em relação ao 2º turno das eleições presidenciais.

Como afirmou Frei Betto, em artigo publicado no Correio Braziliense, de sexta-feira, 15/10/2010:

“Em política neutralidade é omissão. Nenhum dos aspectos de nossas vidas – da qualidade do café ao transporte que utilizamos – escapa ao âmbito da política. E Marina não veio de Marte. Veio do Acre, das Comunidades Eclesiais de Base, da escola ambiental de Chico Mendes, do PT pelo qual se elegeu senadora e graças ao qual se tornou Ministra do Meio Ambiente em dois mandatos de Lula.”


TEXTO DE JUNIOR PERIM

(Coordenador Executivo e Co-Fundador da ONG Crescer e Viver)


Amigos(as),

Acordei com um gosto amargo na boca. Me dei conta de que o povo brasileiro, em sua grande maioria, portanto, falo do povo que precisa da ação, da escala e da rede de proteção e promoção social do Estado, para além de ter que enfrentar uma elite perversa tem agora como mais novo inimigo do seu projeto de realização e felicidade, uma classe média que eu sempre pensei não ter consciência de classe.

Sempre achei que a classe média jamais quis estar de um lado específico, senão navegando ao sabor daquilo ou daqueles que apontam com a manutenção dos seus parcos privilégios. Eu me enganei, o resultado da eleição de ontem, mostra que a pequena burguesia, tomando como a exemplo a classe média do Rio de Janeiro, tem seu campo ideológico bem definido e sabe o que quer ser - a 'nova direita' do Brasil.

A 'nova direita' não se identifica com as elites que, na avaliação dela é socialmente irresponsável e ecologicamente incorreta. A 'nova direita' mora no centro urbano e defende a floresta a partir de uma experiência imaginária; não joga papel no chão mas é consumista e compra coisas com grandes embalagens; está preocupada com o aquecimento global mas não abre mão de se deslocar de carro e não está nem aí para a discussão do transporte de massa e de qualidade.

A 'nova direita' critica a, ainda, injusta concentração de riqueza e renda no Brasil mas faz discurso raivoso contra o Bolsa Família que deu acesso à renda mínima a milhões de brasileiros e brasileira com apenas 1% do PIB.

A 'nova direita' faz discurso crítico sobre ética na política e denuncia a "manipulação" do voto popular, mas é ela quem consubstancia os seus discursos e análises sociais com os argumentos e informações difundidas diariamente pela grande mídia, (re)significando frases com chavões e expressões intelectualóides.

A 'nova direita' critica a qualidade do ensino e da saúde pública, mas não têm culhões de disputar a qualificação destes serviços, porque já faz tempo migrou para os planos de saúde e matriculou os seus filhos no ensino privado.

A 'nova direita' teoriza sobre o direito de candidatura do Tiririca e não fala absolutamente nada de candidatos que se elegem com fotos do Médici na parede.

A 'nova direita' vê os malabaristas dos semáforos, mas não vê as pessoas e e as suas complexidades que estão por detrás dos objetos (claves, bolas e limões) que elas manipulam como o meio que inventaram pra correr atrás do prejuízo.

Enfim a 'nova direita' é a galera cool, educada, letrada, adequadamente vestida, frequentadora dos espaços da cidade, cheia análises sociológicas, antropológicas e estéticas dos problemas, coisas e contextos e, também cheia de projetos 'bacanas' pra resolver tudo de uma maneira light que não afete os seus interesses e nem os interesses das elites, onde ela espera estar em algum dia.

Eu não tenho dúvida que a 'nova direita' votou na Marina Silva e inviabilizou a eleição da Dilma no primeiro turno. Mas o pior disso é que tenho um montão de amigos e amigas que foram surfar na onda verde e nem se deram conta de que ela leva à praia particular da 'nova direita'. Por isso escrevi estas linhas, com a esperança de que eles se salvem de um 'caldo' no mar de um projeto político que fez muito mal ao Brasil. Pensem porque o que está em jogo agora é o resgate da era FHC ou a continuidade do projeto de sociedade iniciado pelo Lula que nem de longe responde ou dialoga com o que busca a 'nova direita'.

Junior Perim

http://twitter.com/JuniorPerim

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ÉTICA E CULTURA PARA MUDAR AS ESTRUTURAS!

Substitua as exclamações
pelas interrogações
E verás que viver
não são simples questões
de pontos finais ou de vista.

A verdade é que tudo, ou quase tudo, hoje em dia, se referencia no mercado. Então, tudo torna-se mera mercadoria. E a mercadoria, na sociedade capitalista, neoliberal e pós-moderna, é algo descartável. Afinal, é preciso gerar lucro, mesmo que isso comprometa a vida. Por isso, é preciso resgatar e reconstruir as utopias. A política com P (maiúsculo) se faz com sonhos e ética!

Marconi Scarinci


PERFIL


Marconi Costa da Silva Scarinci é mineiro de nascimento, mas brasiliense por adoção. Tem 49 anos. É produtor, gestor e militante cultural, e professor de Filosofia.

Marconi foi Secretário-Geral da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas - UMESB (biênio 1983-1984), presidente da Associação de Arte e Cultura de Taguatinga, produtor do Centro Cultural Rio Cine, no Rio de Janeiro, programador do Centro Cultural do Serviço Social da Indústria – SESI, de Taguatinga, e da Câmara do Livro - CLDF, especialmente da Feira do Livro de Brasília.

Com suas “Pílulas Ideológicas”, Marconi visa politizar o debate, promovendo uma discussão qualificada acerca de assuntos candentes e da ordem do dia, além de tangenciar temas existenciais, caros a nossa condição humana.

Com uma militância de 30 anos pelo Partido dos Trabalhadores - PT-DF, Marconi é reconhecido local e nacionalmente por sua decisiva e combativa atuação política em prol da elevação cultural de nosso povo.


PROPOSTAS


As diretrizes culturais que norteam a atuação política de Marconi são:

1. Pela criação da Frente Parlamentar do Livro e da Leitura, a fim de implementar e consolidar políticas de estímulo à leitura e à escrita;

2. Pela transparência, ética, fiscalização e controle social para os recursos públicos;

3. Pela atuação interdisciplinar e transversal da cultura com a educação, a saúde, a segurança, o meio ambiente, entre outras áreas;

4. Pela revitalização, reaparelhamento e/ou construção de equipamentos culturais permanentes em todas as cidades do DF e Entorno;

5. Pela implementação do ensino das artes nos diversos níveis da educação básica, conforme Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB;

6. Pela ampliação dos Pontos de Cultura para 200 em todas cidades do DF e Entorno;

7. Por nova gestão para o Fundo de Apoio à Cultura - FAC, ampliando o valor da Receita Corrente Líquida do Orçamento Distrital para a área e a criação de novos mecanismos de financiamento públicos;

8. Pela implantação do Plano e do Sistema Distrital de Cultura;

9. Pela realização de Conferências Regionais e Distrital bienais, inscrevendo suas resoluções nas leis orçamentárias e orgânica do DF;

10. Pela retomada do "Temporadas Populares", com o fito de promover o acesso, a preços módicos, da população de todas as cidades do DF a shows e espetáculos com qualidade de artistas locais, regionais e nacionais;

11. Pela reestruração do Conselho Distrital de Cultura e efetivação dos Conselhos Regionais, eleitos em Conferências;

12. Pela descentralização financeira e orçamentária dos recursos culturais, a fim de dotar as Diretorias de Cultura das Administrações Regionais (DRCs) das verbas necessárias à realização de projetos comunitários;

13. Pela criação de uma fundação responsável pelos equipamentos culturais públicos do DF.


FALE COM MARCONI


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(61) 9637-3799